10 de Abril de 2014
O Movimento São Paulo Independente vêm chamando a atenção dos Paulistas em um momento drástico que o Brasil tem passado, assim como outros movimentos separatistas vêm ganhando força em todo o país. Segue, abaixo, um entrevista em que Júlio César, do MSPI, esclarece muitas dúvidas que normalmente aparecerem em relação ao Movimento, além de mostrar base histórica e cultural, deixando claro que não se trata de mais uma ideologia utópica de falsas igualdades surgida a partir de uma empolgação (ou sob efeito de drogas) em alguma faculdade pública.
O que é o MSPI e quais seus princípios?
O MSPI-Movimento São Paulo Independente, como o próprio nome já indica, é um movimento, logo, tem por função essencial movimentar as pessoas em torno da ideia do separatismo paulista, buscando conscientizá-las e mostrar a muitas pessoas que sempre defenderam sozinhas, após chegar a conclusão por si mesmas, graças a uma análise empírica da realidade e viram que o separatismo é a solução, que elas não são peixes fora d’água, e não defendem uma ideia de loucos. O separatismo é uma verdade auto evidente àqueles que buscam se utilizar da razão para compreender a realidade social do Brasil.
Quanto aos nossos princípios, o MSPI se destaca um pouco de outros movimentos separatistas que existem na região Sul do Brasil e mesmo em São Paulo, graças ao seu enfoque na questão identitária. O identitarismo bandeirante passa por uma reavaliação e um renascimento do sentimento de “Ser Paulista”. E para reforçar esse sentimento do Ser Paulista, o MSPI tem trabalhado fortemente para promover ações que estejam nessa direção. Temos buscado conscientizar os muitos Paulistas que perderam, graças a anos de uma espuma cultural com temática não Paulista na mídia, de sua real identidade nacional, como Paulistas.
Sem a identidade não pode haver povo, nem nação. São Paulo, mesmo com todos os problemas contemporâneos tem cultura própria e ímpar, identidade (sentimento de pertencimento), povo e território, ou seja, temos todos os elementos para constituir um estado nação. Basta a conscientização disso, e é nesse sentido que o MSPI tem também trabalhado fortemente.
É possível apontar, na história brasileira, razões para justificar a existência do MSPI hoje em dia?
Acredito que para aqueles que já se dedicaram a análise racional da realidade social Paulista podem muito bem, por si sós, chegar a conclusão de que a causa separatista não é apenas justa, mas é também aquela mais razoável para resolver essa calamitosa situação a qual o Povo Paulista é submetido.
Existem outros elementos de ordem histórica para justificar a tese separatista, e são muitos, aliás.
Primeiramente é necessário citar o exemplo deixado por nossos antepassados, que em 1641 aclamaram o “homem bom”, Amador Bueno, como seu rei, de modo a não se sujeitar ao governo português, recém reinstaurado. Foi a primeira vez na América que um movimento por independência ocorreu.
Em 1887, dentro do PRP, o Partido Republicano Paulista, a segunda corrente mais forte era aquela constituída de separatistas (ler “A Pátria Paulista”, de Alberto Sales, também o livro de Cássia Aducci que tem o mesmo título, além do trabalho do professor José Ênio Casalecchi a respeito do PRP), e foram esses separatistas também importantes agentes na criação de condições para a derrubada da monarquia centralista no Brasil em 1889. O resultado prático disso tudo foi, além da mudança do regime de governo, a criação da mais adequada constituição que já teve o Brasil, a Carta de 1891, que consagrou o federalismo.
Ou seja, é o separatismo Paulista assunto muito antigo. Até o período minerador (século XVIII) São Paulo era uma região muito isolada, e a coroa portuguesa somente procurava os Paulistas em caso de naufrágio na costa, cobrança de impostos ou necessidade de defender o território. Enquanto outras regiões viviam em bonança de enormes senhorios, sobre o plantation escravocrata, São Paulo vivia com o suor do seu rosto, em uma sociedade muito mais democrática do que existia em noutras partes das colônias portuguesas. São Paulo sempre foi diferente das outras regiões da América portuguesa. Seja até o século XIX, durante o século XIX (período do café, por excelência) e depois até hoje. Nunca o desenvolvimento civilizacional de São Paulo assemelhou-se ao de outros lugares do Brasil, aliás, diria, que eles estão no movimento contrário.
Se a opção é separatismo, o que seria dos outros estados brasileiros?
Cada um deverá seguir o seu caminho, de acordo com aquilo que a sua população soberanamente decidir. Se decidirem viver agrupados ainda sobre o nome e a bandeira do Brasil que vivam. Se quiserem viver unidos, sob regime confederativo, que assim seja, nada deve impedi-los. Todavia certeza há de que haverá necessariamente uma mudança estrutural profunda, ou pelo menos uma chance de ouro para tal, já que a população poderá ver que a sua elite dirigente é ultrapassada, mesquinha, só pensa em si e em sugar tudo o que o povo produz de bom. Esse tipo de elite não é uma elite no sentido positivo que o termo precisa conter. Todo o povo precisa de uma elite dirigente. O que não pode acontecer é ter uma elite que não pensa na sua existência enquanto modelo e prócere, mas apenas como uma existência parasitária.
As elites no Brasil não sabem ser elites. Pois elas precisaram aprender a sê-las, pois o povo dos estados, em especial do nordeste, certamente não aceitaram viver em penúria maior ainda, já que a “pata dos ovos de ouro”, São Paulo, não estará mais fazendo parte desse país, e, portanto, não poderá deixar-se mais ser roubada pelas elites do Brasil.
O que prevalece? Uma cultura brasileira ou uma cultura regional em cada Estado?
Não existe cultura brasileira enquanto uma civilização orgânica. A brasilidade, termo que se usa para falar da suposta identidade brasileira, é um conceito criado por intelectuais sempre com o apoio oficial do Estado Central, desde o período imperial. Os intelectuais receberam uma missão de escrever uma “história do Brasil” o que só pode ser considerado como peça de ficção, já que não existia o Brasil antes de 1808, pelo menos, e mais corretamente, 1822 com o episódio da independência. O que existia era a colônia portuguesa na América, que contava com várias populações euro americanas: Paulistas, fluminenses, pernambucanos, baianos, etc.
Hoje, graças à ação coordenada do Estado e seus acompanhantes de luxo, o poder econômico e a mídia, passa-se tranquilamente a ideia de que existe uma identidade brasileira. E de fato, para muitos isso é ponto pacífico. O ex-presidente FHC foi perguntado certa vez em uma entrevista sobre o fato de, por que, hoje em dia, não se lançarem mais no mercado editorial ensaios monumentais sobre a identidade, a cultura e a civilização dita brasileira, e o mesmo respondeu que hoje esse tipo de texto não se faz mais necessário, pois a sua missão, de criar entre as classes ilustradas do país, uma identidade, uma lógica agregadora, já havia sido realizada. Não mais há necessidade de ensaios como “O Povo Brasileiro”, “Casa Grande e Senzala” ou “Raízes do Brasil”, hoje suas missões já foram cumpridas.
Logo a suposta identidade brasileira nada mais é do que uma espuma artificial, que em breve será varrida pela força da história. Não há como vencer a identidade real dos povos. Cito aqui uma frase do historiador Alfredo Ellis Jr°: “não existe história do Brasil como um conjunto homogêneo. Ela é a soma de capítulos de histórias regionais”.
Eu creio que não se pode, do ponto de visto objetivo mesmo, falar em culturas regionais, no sentido que no Brasil se atribui a regiões geográficas, ou seja, não existe cultura sulista, mas cultura do Rio Grande do Sul, cultura de Santa Catarina e cultura do Paraná. Menos ainda existe uma cultura sudestina e mesmo falar em cultura nordestina é muito difícil. As diferenças antropológicas entre a Bahia e o Pernambuco, ou o Ceará e Alagoas são muito grandes. Não há como falar em cultura nordestina sem se falar numa outra construção quase tão artificial quanto a famigerada brasilidade.
Quem são os aliados e as oposições ao MSPI?
O único aliado que conta o MSPI é a ordeira população Paulista, que está farta dessa situação que ela se depara todos os dias. Nós queremos viver em paz, desfrutando o fruto do nosso trabalho, que conquistamos com o suor do nosso rosto, mas nos é tirado todos os dias através dos impostos abusivos que pagamos à Brasília. Mesmo o direito a uma cultura saudável não nos é dado, pois ao ligar a TV o que se tem é só o mesmo lixo midiático, vendido a uma população trabalhadora cansada e sem maiores opções de lazer.
Nesse sentido, nossa oposição principal é a todos aqueles que defendem esse atual estado de coisas que vemos em nossa pátria.
Em segundo lugar, no Brasil, em especial, e na América latina, como um todo, o nacionalismo acabou por se transformar em uma força de esquerda, e muitos nacionalistas verde-amarelos são esquerdistas natos. Esses adoram vir tripudiar da causa separatista, mas carecem de maiores argumentos, carecem de fundamentação teórica e histórica. Sua defesa é meramente sentimental, irracional, e num certo sentido, ideológica, pois como já pondera o historiador mineiro João Camilo de Oliveira Torres, toda ideologia carrega consigo, primordialmente, uma carga de carácter meramente emocional. Portanto, o nacionalismo brasileiro é nosso inimigo. Aqueles que têm honestidade precisam buscar reavaliar, com base na razão, os seus posicionamentos anti separatistas.
Existem outros movimentos separatistas em outros estados ou até mesmo em São Paulo?
O separatismo no Brasil ressurgiu com muita força após a redemocratização do país, e em especial no início da década de 90. Em São Paulo o movimento moderno mais antigo é o MSPI, fundado em 1992, pelo jurista João Nascimento Franco. Já nos anos 2000 surgiram outros movimentos, sempre se utilizando desta importante ferramenta que é a internet. No Sul temos hoje como maior movimento “O Sul é o meu País”, presidido atualmente pelo catarinense Celso Deucher.
Curioso foi ter notado o surgimento, também na internet, embora não só nela, de um forte espírito separatista no Estado do Rio de Janeiro. Isso se deu após a questão da divisão dos royaltes do Pré Sal.
Em São Paulo atualmente o mais ativo movimento separatista é o MSPI, que realiza reuniões públicas periodicamente, divulga sempre as suas atividades e convida mais pessoas a realizarem ações por São Paulo. Existem outros movimentos que soubemos, tiveram início como a Liga Paulista pela autonomia, coordenada pelo senhor Roberto Tonin, mas que ao que parece encontra-se em standby, além do MRSP, que tem sua atuação hoje restrita apenas a internet.
Aos interessados, o que é preciso fazer para se juntar e cooperar com a causa?
O MSPI conta apenas com o trabalho voluntário dos seus ativistas. Ninguém aqui recebe nenhum dinheiro pelo que faz por São Paulo. Nossa obra é uma obra de amor pela Pátria Paulista. Quem compartilhar desse mesmo amor basta acompanhar nossas atividades, que são públicas e sempre divulgadas na internet, em nossa página oficial, grupo e site. Eventualmente fazemos arrecadações para cobrir gastos que temos, mas todas são de carácter voluntário e esporádico.
Logo, para participar, basta estar disposto e nos acompanhar nessa jornada patriótica.
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